O que é Terapia Comportamental?

O termo “terapia comportamental” é utilizado para dar nome aos diferentes modelos terapêuticos que se propõe a analisar algum tipo de comportamento, considerando o contexto onde ocorre e também as consequências envolvidas nesse processo. Seu objetivo é promover autoconhecimento, mudanças positivas e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

A Ciência do Comportamento tem início a partir das observações realizadas em laboratório por Skinner (1953) e sua filosofia é o Behaviorismo. Ao longo do tempo, esse conhecimento se estendeu ao contexto clínico e hoje o modelo é amplamente utilizado para tratar uma variedade de transtornos psicológicos e emocionais, como depressão, ansiedade, fobias, entre outros, e é considerada uma prática baseada em evidências (o que significa que o trabalho do psicólogo é baseado na utilização de técnicas que foram comprovadas cientificamente que dão resultados).

Como funciona a Terapia Comportamental?

No dia a dia é comum observarmos o comportamento das pessoas e levantar hipóteses, por exemplo, quando um colega de trabalho está quieto, podemos supor que esteja chateado, que tenha dormido mal ou que esteja ocupado e, sendo assim, escolhemos o melhor momento para nos aproximar. Para as terapias comportamentais, é fundamental identificar o que motiva um comportamento (ou a função dele) para o sucesso do processo psicoterapêutico.

Na análise do comportamento, o psicólogo comportamental investiga os comportamentos- problema, bem como as potencialidades do indivíduo e assim são traçados os objetivos terapêuticos. Através de relatos sobre a história de vida, é possível identificar padrões comportamentais que trazem sofrimento e entender como foram aprendidos, para que assim possam ser ressignificados ou modificados, amenizando esse sofrimento e melhorando a qualidade de vida.

Todo comportamento é aprendido

Sem que haja um estímulo do ambiente, nenhum comportamento ou cognição acontece. Um estímulo aciona respostas privadas (acessíveis apenas ao próprio indivíduo: pensamentos, cognição e emoções) ou respostas públicas (comportamentos que podem ser observados pelas outras pessoas).

O indivíduo interage com o ambiente e o ambiente retroage sobre ele. Há um conjunto de respostas emocionais, cognitivas e fisiológicas que ativam o sistema nervoso central e um processo após essa interação que indicam se aquele comportamento deve ser apresentado novamente em outras situações ou não. Esse encadeamento é automático.

Um pouco de história sobre a Terapia Comportamental

Em 2004, Steven C. Hayes propõe três ondas ou gerações de terapias comportamentais e cognitivas, considerando características que aproximavam uma abordagem da outra. Essa classificação se popularizou, embora não delimite todas as abordagens compreendidas dentro de cada onda ou geração.

O foco da primeira onda das terapias comportamentais é o estudo de comportamentos observáveis e mensuráveis e o objetivo terapêutico, é a modificação do comportamento-problema.

Na segunda onda (das Terapias Cognitivas e Cognitivas Comportamentais), há o reconhecimento de que pensamentos e emoções desempenham papel importante no comportamento humano e são incorporados elementos cognitivos no processo psicoterapêutico.

As terapias da terceira onda ou terapias contextuais  (Hayes, 2011) são um conjunto de intervenções que enfatizam o contexto e a análise funcional do comportamento, concentrando-se em processos como aceitação, atenção plena ou valores.

Principais terapias da terceira onda

Algumas das Terapias Contextuais mais conhecidas são:

ACT: Terapia de Aceitação e Compromisso, conhecida como ACT (Acceptance and Commitment Therapy). Desenvolvida na década de 1980, a ACT baseia-se na ideia de que o sofrimento psicológico ocorre quando nos afastamos dos nossos valores e focamos excessivamente em pensamentos negativos. Em vez de evitar sentimentos desagradáveis, a ACT incentiva os pacientes a aceitá-los como uma parte normal da experiência humana, promovendo o compromisso com ações alinhadas com seus valores.

Terapia Cognitivo Comportamental baseada em Mindfulness: o foco é o desenvolvimento da habilidade de atenção plena, com a finalidade de identificar gatilhos que podem produzir sentimentos negativos.

Terapia Comportamental Dialética (DBT): consiste no treinamento de habilidades para pessoas que apresentam ideação suicida, transtornos psiquiátricos ou algum tipo de desregulação emocional, com o objetivo de alterar padrões comportamentais relacionados a essas dificuldades.

Psicoterapia Analítica Funcional (FAP): a observação de comportamentos clinicamente relevantes (aqueles que o cliente manifesta durante a sessão) é considerada uma ferramenta para compreender as queixas trazidas por ele, considerando que o modo com age, fala e se coloca no atendimento, é semelhante ao modo como se coloca no seu dia a dia.

Terapia Focada na Compaixão (CFT): indicada para pessoas com autocrítica elevada, o foco está no desenvolvimento de atributos compassivos, empatia e tolerância, segurança e autoconfiança.

Terapia Comportamental Integrativa de Casais (IBCT): o terapeuta utiliza-se de análise funcional para integrar estratégias de aceitação, tolerância emocional e mudança de comportamentos em situações de conflito conjugal.

O terapeuta contextual pode utilizar uma ou outra abordagem, conforme identificar a necessidade em cada caso.

Como o terapeuta comportamental atua?

Durante as sessões, o terapeuta e o paciente trabalham juntos para identificar padrões de comportamento e encontrar formas de modificá-los. O processo inclui etapas como:

  1. Identificação de Padrões Comportamentais: Através da demanda trazida pelo cliente, o primeiro passo é identificar o que causa sofrimento. Muitas vezes é a maneira de responder a determinadas situações sempre da mesma forma que produz sentimentos negativos e, sendo assim, é necessário modificar esse padrão.
  2. Estabelecendo objetivos terapêuticos: Após ter contato com a história de vida do cliente e identificar os padrões comportamentais, os objetivos terapêuticos a curto e médio prazo são estabelecidos em conjunto.
  3. Exposição e Prática: Em casos de fobia, por exemplo, com o tempo, o cliente é exposto às situações que causam desconforto, de forma gradual e controlada. Esse processo ajuda a dessensibilizar o paciente ao estímulo aversivo, tornando-o menos intenso.
  4. Monitoramento e Avaliação: O progresso do paciente é monitorado ao longo do tempo para garantir que as técnicas estão sendo eficazes. Caso necessário, ajustes são feitos para aprimorar os resultados.

Benefícios da Terapia Comportamental

A terapia comportamental oferece diversos benefícios para quem busca mudanças reais em seus comportamentos. Vamos explorar os principais:

1. Tratamento Eficaz para Transtornos Mentais

Muitos estudos comprovam a eficácia da terapia comportamental no tratamento de transtornos como depressão, ansiedade, TOC, fobias, transtornos de estresse pós-traumático, e até transtornos alimentares. A terapia comportamental ajuda a substituir comportamentos disfuncionais por alternativas mais saudáveis, proporcionando alívio significativo aos sintomas.

2. Abordagem Prática e Objetiva

A terapia comportamental é altamente prática. Os terapeutas usam técnicas comprovadas para ajudar os pacientes a lidar com problemas específicos, oferecendo ferramentas e estratégias que podem ser aplicadas no dia a dia. Isso torna o tratamento mais objetivo e focado, ajudando os pacientes a atingir resultados rápidos e duradouros.

3. Desenvolvimento de Habilidades de Enfrentamento

Ao longo do tratamento, os pacientes aprendem a lidar melhor com situações desafiadoras. As técnicas ensinadas na terapia comportamental podem ser utilizadas em várias áreas da vida, ajudando o paciente a lidar com problemas futuros de forma mais assertiva e confiante. Isso inclui aprender a relaxar, praticar a resolução de problemas e melhorar habilidades sociais.

4. Fortalecimento da Autoestima

Pessoas que lutam com problemas de autoestima encontram na terapia comportamental um caminho para reavaliar sua autoimagem. Como primeiro passo, é necessário entendendo como ela foi construída ao longo da vida.

5. Resultados a Longo Prazo

A terapia comportamental tem sido reconhecida devido às mudanças que ocorrem a curto e médio prazo e ao fato delas se manterem. A abordagem ensina o paciente a identificar e lidar com os próprios sentimentos, além de criar estratégias para evitar a recaída em comportamentos prejudiciais. Dessa forma, mesmo após o término da terapia, o paciente se torna mais preparado para enfrentar desafios, pois generaliza o aprendizado adquirido em uma determinada situação para outras semelhantes.

Quando Procurar a Terapia Comportamental?

É comum que as pessoas procurem terapia comportamental quando enfrentam dificuldades em mudar comportamentos que prejudicam suas vidas diárias. No entanto, não é necessário esperar por uma crise para buscar ajuda. A terapia comportamental pode ser benéfica em qualquer fase da vida, seja para aprimorar habilidades sociais, melhorar o desempenho profissional, ou desenvolver autocontrole.

Se você sente que algumas situações são recorrentes e têm impedindo seu crescimento ou bem-estar, procurar ajuda profissional pode ser uma excelente opção. O suporte de um terapeuta qualificado na área de terapia comportamental pode proporcionar as ferramentas necessárias para superar desafios e viver de forma mais plena e equilibrada.

Considerações Finais

A terapia comportamental é uma abordagem poderosa que promove mudanças profundas e duradouras. Com o suporte de um profissional qualificado, é possível aprender a lidar com as dificuldades, construir habilidades de enfrentamento e criar uma vida mais satisfatória.

Se você está em busca de transformação pessoal, considere a terapia comportamental como uma opção eficaz para alcançar esse objetivo.

REFERÊNCIAS:

Lucena-Santos, P. Pinto-Gouveia, J. & Oliveira, M. S. Terapias Comportamentais de Terceira Geração: guia para profissionais. Orgs: Lucena-Santos, P. Pinto-Gouveia, J. & Oliveira, M. S. [et al.] – Novo Hamburgo : Sinopsys. 2015.

Skinner, B. F. (1965). Science and human behavior. New York: The Free Press. Publicado originalmente em 1953.